quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Tantas Letras! - 2012 (II)


Reportagem de: Ivan Leite
1º. Encontro: Palestra - 1
Palestrante: Cadão Volpato

Tarso de Melo - Cadão Volpato - Reynaldo Damazio

A Pinacoteca de São Bernardo do Campo – SP recebeu no último dia 15 de setembro de 2012 os convidados e participantes da 5ª. edição do Projeto Tantas Letras! 2012. Nesse dia o palestrante convidado, Cadão Volpato, relatou ao público presente suas experiências como escritor. A palestra teve como mediadores o escritor e editor Reynaldo Damazio e o poeta e professor Tarso de Melo.


Cadão é jornalista, apresentador de televisão, músico, escritor, ilustrador e comandou por duas vezes, de 1991 a 1994 e de 2010 a 2012, o programa diário de variedades "Metrópolis" da TV Cultura. Ele é letrista, cantor e guitarrista da banda Fellini e lançará em 2013 seu primeiro romance: “Pessoas que passam pelos sonhos”.

O convidado em sua apresentação, contou que participou do movimento estudantil na sua juventude e que fora trotskista na época do regime militar e, por isso, ele e seus amigos sentiam-se perseguidos por todo mundo. Contou que tinha duas lembranças da cidade de São Bernardo dos anos 80: de uma assembleia de trabalhadores e de uma missa na Matriz, onde policiais a cercavam.

Cadão Volpato entrou para o mundo da literatura de raspão e tarde, pois publicou seu primeiro livro de contos: “Ronda Noturna”, quando já tinha 39 anos, isso em 1995.

Ele declarou que quando resolveu escrever, no início dos anos 90, não existia uma literatura jovem no Brasil, mas que esse cenário mudou a partir do momento em que a Cia das Letras se firmou no mercado com novas publicações.

O escritor contou que quando resolveu sentar e escrever o seu primeiro livro, fez isso nas passagens dos sábados para os domingos. Disse, ainda, que ao escrevê-lo colocava na sua obra uma autocrítica muito forte e completou dizendo que seus livros têm algo de poético, mas que tentava fugir disso, usando um antídoto antilirismo nos seus textos.

Afirmou aos ouvintes que na época, quando seu livro já estava pronto, não pertencia a nenhum grupo de escritores e nem tinha trânsito entre os editores, então, quando certa vez teve a oportunidade de entrevistar Luiz Schwarcz (editor e proprietário da Cia das Letras) viu a chance de conseguir publicar seu livro: “para mim... era minha vida”, arrematou. Enviou os originais para o empresário, mas nunca recebeu uma resposta da possível publicação dele. Quando conheceu o editor: Samuel Leon (proprietário da editora Iluminuras), não pensou duas vezes, entregou os originais para ele, que o publicou tempo depois.

Disse, ainda, que no começo da sua vida literária recebeu apoio de vários escritores e críticos da época, “pessoas que acreditaram” em seu trabalho: José Paulo Paes, Rodrigo Navas, José Mauro e Marçal Aquino, citando alguns.

Cadão Volpato declarou que, às vezes, o escritor acha que aquilo que escreveu é maravilhoso, mas pode ser que não seja, aí o melhor é jogar tudo fora e partir para uma nova idéia. Falou que “a crítica é importante”; que “tem que se pensar muito no que se escreve”; que escrever “é um exercício de solidão”; que “a intuição tem que ser levada em conta” e que devemos ter disciplina, ou seja, sentar e escrever aquilo que se planejou. Arrematou dizendo que “quando você escreve uma coisa e você não achou um título para aquilo que escreveu é porque alguma coisa aconteceu”.

Na sequência, Cadão falou sobre seu 1º. Romance: “Pessoas que passam pelos sonhos”, que trata da passagem do tempo e é ambientado na Argentina e Brasil no ano de 1969. O protagonista é um arquiteto distraído que possui um sexto sentido acentuado e passa a história toda tentando se comunicar com as pessoas.

Terminou a palestra com a leitura da primeira parte do romance inédito que tem previsão de lançamento para maio de 2013.

Após a palestra, Cadão respondeu as perguntas do público presente e afirmou que:

1- seus contos eram escritos com vontade de ser romance...;
2- é “preciso trabalhar com a organização”, ou seja, “eu nunca parava de escrever sem saber o que ia escrever no dia seguinte...”;
3- “Cada capítulo tem uma força dentro dele...”;
4- “O autor não deve entregar tudo ao leitor, precisa de um espaço para ele pensar...”;
5- “Todo artista tem algo que o desliga do mundo...”;
6- “Eu não dou a solução...”;
7- “Eu escrevo tentando descobrir o que tem por dentro da história...”;
8- “Se eu passar do ponto eu revelo a luz...” e...
9- “é importante um caráter infantil na arte...”.

LIVROS PUBLICADOS:
Ronda Noturna” – 1995 – Contos e Crônicas – Iluminuras;
Dezembro de um verão maravilhoso” – 1999 – Contos e Crônicas – Iluminuras;
Questionário” – 2005 – Contos e Crônicas – Iluminuras;
Relógio sem Sol” – 2009 – Contos e Crônicas – Iluminuras;
Meu filho, meu besouro” – 2011 – Literatura Infantil – Cosac Naif – Poemas ilustrados.

Outros trabalhos:
Geração 90: Manuscritos de computador” – 1999 – Boitempo – 17 contistas;
Essa História Está Diferente” – 2010 – Cia das Letras – 10 autores.

Cadão sendo apresentado por Tarso de Melo

Cadão desenvolvendo sua palestra entre Tarso e Reynaldo Damazio

Cadão lendo para a plateia a primeira parte de seu novo livro

Eu e Cadão Volpato na saída da palestra

Cadão na saída da Pinacoteca de SBC

Ivan Leite – 25 de outubro de 2012 – 09h37min - Primavera

Um comentário:

Sueli Rodrigues disse...

Eu perdi a palestra por motivos familiares, mas seu relato é perfeito, me senti presente lá. e pude até imaginar ele palestrando.
obrigada.
Sueli