sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Caixas: divagando sobre elas


Divagações de Ivan Leite

Desde que me entendo por gente, sou fascinado por caixas. A mais antiga imagem que tenho sobre isso é uma fotografia da minha infância, onde estou segurando uma caixa-embalagem de uma medicação chamada Novalgina ®, não sei se alguém se lembra... Enfim...


Nessa caixa guardava, de forma bem organizada, alguns brinquedos: fubecas; miniaturas de índio americano que vinham nos potes de Toddy®; charrete com cavalinhos; carrinhos; toquinhos de madeira e hominhos feitos de argila.

Quando cresci mais um pouco, lembro que fiz uma caixinha de madeira e pintei de azul. Consegui fazer isso observando durante toda minha infância meu pai serrando e pregando. Meu pai era um carpinteiro de mão cheia, caprichoso e profissional. Essa caixinha durante anos foi uma espécie de orgulho pessoal, pois foi feita por mim, pelas minhas mãos e imitando o capricho dele.

Quando vejo uma caixa, penso no vazio que ela contém e naquilo que ela pode conter. Aí me lembro de uma música do Gilberto Gil chamada “Metáfora”. Nessa canção há um verso assim: “... quando o poeta diz lata/ Pode estar querendo dizer o incontível”. Penso que a ideia do incontível cabe também às caixas, pois nelas cabem as saudades e as lembranças que seus conteúdos trazem.

Psicologicamente deve existir uma explicação para esse meu fascínio, mas não quero procurar bases psicológicas para isso, só sei que gosto e ponto final.

Na verdade acho que talvez exista uma explicação..., é porque necessito organizar as coisas. Para isso, preciso que todos esses guardados sejam mantidos nesses recipientes, para que num momento adequado possa classificá-los, observando sua importância e valor, para assim deixá-los lá definitivamente.
                                                                                                   
Ivan Leite – Santo André – 28.09.2012 – 08h06min - Primavera

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